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A Vida de Chuck – quando o fim é só o começo.

Mike Flanagan adapta Stephen King em um drama existencial que mistura agonia, poesia e pequenos brilhos de felicidade.

Um conto de Stephen King, dessa vez adaptado por Mike Flanagan, conhecido por suas séries de terror na Netflix, como Residência Hill. Mas aqui ele sai do gênero do susto e do medo, ainda que consiga manter uma atmosfera que mistura agonia, suspense e até momentos de felicidade.

A Vida de Chuck acompanha a trajetória de um homem aparentemente comum, que cresceu em um lar simples no subúrbio. O interessante é que a história não se conta de forma linear: começamos pelo fim e vamos voltando até sua infância. É nessa inversão que o filme mostra como cada detalhe da vida de alguém pode ser grandioso, mesmo quando, à primeira vista, parece banal.

No papel principal está Tom Hiddleston, que entrega uma performance intimista, fugindo completamente da imagem de vilão carismático que a gente já conhece dele. O elenco ainda traz nomes como Mark Hamill e Chiwetel Ejiofor, o que já dá um peso extra.

Flanagan, que tem fama de construir atmosferas sufocantes, aqui aposta mais no drama existencial com toques de fantasia do que no terror puro. É um filme que fala sobre vida, morte e o universo que cada pessoa carrega dentro de si. Tem cenas que realmente causam impacto, como a dança de Chuck na rua, que vira quase um manifesto de alegria em meio ao fim.

Só que o terceiro ato pode ser complicado: ele mergulha fundo na parte mais lenta e intimista, e pra muita gente inclusive pra mim isso traz uma sensação de agonia, quase sufocante, como se a gente estivesse preso naquela despedida interminável sem saber o que está acontecendo. Ao mesmo tempo, é justamente ali que o filme mais provoca reflexão.

O longa estreou em festivais, levou o People’s Choice Award em Toronto e chamou a atenção justamente por essa virada de tom do diretor. Mas também dividiu a crítica: uns acharam emocionante e poético, outros viram como arrastado e sentimental demais. Na bilheteria, passou longe de ser um sucesso, mas é aquele tipo de filme que parece feito mais para provocar reflexão do que para encher sala de cinema.

No fim das contas, A Vida de Chuck não é terror, não é blockbuster, é quase uma meditação sobre o que significa existir. E talvez seja justamente isso que torna a adaptação tão curiosa dentro do universo de Stephen King.

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