2025 está repleto de adaptações do renomado autor Stephen King, com obras como “A Vida de Chuck” (Diamond Filmes), “O Macaco” (Paris Filmes) e “O Instituto” (MGM+) já lançadas este ano, e com “O Sobrevivente” (Paramount Pictures) e “Bem-Vindos a Derry“(HBO Max) ainda por estrear. O novo filme da Paris Filmes, “A Longa Marcha”, também é de autoria de Stephen King e contou com a direção de Francis Lawrence, responsável por trazer às telas a saga Jogos Vorazes. Curiosamente, Francis não esteve muito “longe de casa” com essa nova produção, que tem uma premissa similar à história de Katniss Everdeen.
Em “A Longa Marcha: Caminhe ou Morra”, os EUA se encontram em um difícil pós-guerra, com grande escassez de suprimentos. Para manter seus habitantes ativos e motivados, o governo — militarista — cria um desafio televisionado que permite que um jovem de cada estado se voluntarie para caminhar a Longa Marcha. O objetivo é nunca parar de caminhar, em hipótese alguma, e apenas um deles vence. O prêmio do ganhador é ter um de seus desejos atendidos, além de riquezas, prestígio e o direito de ajudar seu estado a se desenvolver melhor. Nessa jornada, os jovens participantes vão encarar dificuldades inevitáveis e criar laços em um ambiente que não parece próprio para isso.

Nesse terror psicológico, a trama é carregada de tensão, e a expectativa do que vai acontecer a seguir é angustiante. Tensão essa fundada em sua maior parte nos diálogos e trocas entre os personagens, afinal, o filme todo se passa em uma estrada que nunca tem fim. Nenhum deles pode parar de andar, sendo advertido a cada parada, e, após três delas, a punição é letal. Consequentemente, o filme não apresenta um grande dinamismo — ainda que tenha cenas de impacto — e prende o espectador pura e simplesmente pelas conversas entre os participantes. Em pouco tempo, laços são estabelecidos, e, quanto mais suas histórias são apresentadas, mais inevitável é a conexão dos espectadores com cada um.
Os obstáculos que impedem os participantes de chegar ao final são de diversos graus: acidentes, necessidades básicas e a privação delas, doenças, sedentarismo. Tudo isso para mostrar que não há preparo físico que os fizesse estar pronto para o que iriam encarar. Não obstante, também há um fator de extrema importância: a questão mental. Fugir ou desistir da prova também os impedia de sair vencedores. A pressão psicológica e as cargas emocionais que cada um carregava os levam ao limite — ou além.
A narrativa também explora tópicos relacionados a lutar contra o sistema autoritário, à falta de liberdade de expressão e ao questionamento sobre se as pessoas participam da Longa Marcha por vontade própria ou por uma opressão inconsciente gerada pela sociedade, que obriga o indivíduo a querer provar algo aos outros. Mark Hamill dá vida ao Major, uma figura opressiva e temida, que dita as ordens nesse governo. Seu tempo de tela não é muito extenso, mas, nas vezes em que aparece, traz o peso da patente do personagem.

Indo na contramão do esperado nesse ambiente hostil e competitivo, surgem laços entre alguns deles, desencadeando um auxílio físico e psicológico mútuo que os permite ir mais longe na jornada, provando que a empatia pode transformar vidas. Em 1h50 de filme, nota-se o crescimento dos personagens, em especial Garraty (Cooper Hoffman) e McVires (David Jonsson), que mostram como a vida de alguém pode impactar a sua, a ponto de transformar até a sua própria visão de mundo. Uma história que revela o melhor da humanidade diante de um desafio desumano.
“A Longa Marcha” chega dia 18 de setembro nos cinemas.



