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CRÍTICA | “A Longa Marcha: Caminhe ou Morra” revela o melhor da humanidade diante de um desafio desumano

Adaptação do livro de Stephen King chega aos cinemas dia 18 de setembro

2025 está repleto de adaptações do renomado autor Stephen King, com obras como “A Vida de Chuck” (Diamond Filmes), “O Macaco” (Paris Filmes) e “O Instituto” (MGM+) já lançadas este ano, e com “O Sobrevivente” (Paramount Pictures) e “Bem-Vindos a Derry“(HBO Max) ainda por estrear. O novo filme da Paris Filmes, “A Longa Marcha”, também é de autoria de Stephen King e contou com a direção de Francis Lawrence, responsável por trazer às telas a saga Jogos Vorazes. Curiosamente, Francis não esteve muito “longe de casa” com essa nova produção, que tem uma premissa similar à história de Katniss Everdeen.

Em “A Longa Marcha: Caminhe ou Morra”, os EUA se encontram em um difícil pós-guerra, com grande escassez de suprimentos. Para manter seus habitantes ativos e motivados, o governo — militarista — cria um desafio televisionado que permite que um jovem de cada estado se voluntarie para caminhar a Longa Marcha. O objetivo é nunca parar de caminhar, em hipótese alguma, e apenas um deles vence. O prêmio do ganhador é ter um de seus desejos atendidos, além de riquezas, prestígio e o direito de ajudar seu estado a se desenvolver melhor. Nessa jornada, os jovens participantes vão encarar dificuldades inevitáveis e criar laços em um ambiente que não parece próprio para isso.

Nesse terror psicológico, a trama é carregada de tensão, e a expectativa do que vai acontecer a seguir é angustiante. Tensão essa fundada em sua maior parte nos diálogos e trocas entre os personagens, afinal, o filme todo se passa em uma estrada que nunca tem fim. Nenhum deles pode parar de andar, sendo advertido a cada parada, e, após três delas, a punição é letal. Consequentemente, o filme não apresenta um grande dinamismo — ainda que tenha cenas de impacto — e prende o espectador pura e simplesmente pelas conversas entre os participantes. Em pouco tempo, laços são estabelecidos, e, quanto mais suas histórias são apresentadas, mais inevitável é a conexão dos espectadores com cada um.

Os obstáculos que impedem os participantes de chegar ao final são de diversos graus: acidentes, necessidades básicas e a privação delas, doenças, sedentarismo. Tudo isso para mostrar que não há preparo físico que os fizesse estar pronto para o que iriam encarar. Não obstante, também há um fator de extrema importância: a questão mental. Fugir ou desistir da prova também os impedia de sair vencedores. A pressão psicológica e as cargas emocionais que cada um carregava os levam ao limite — ou além.

A narrativa também explora tópicos relacionados a lutar contra o sistema autoritário, à falta de liberdade de expressão e ao questionamento sobre se as pessoas participam da Longa Marcha por vontade própria ou por uma opressão inconsciente gerada pela sociedade, que obriga o indivíduo a querer provar algo aos outros. Mark Hamill dá vida ao Major, uma figura opressiva e temida, que dita as ordens nesse governo. Seu tempo de tela não é muito extenso, mas, nas vezes em que aparece, traz o peso da patente do personagem.

Indo na contramão do esperado nesse ambiente hostil e competitivo, surgem laços entre alguns deles, desencadeando um auxílio físico e psicológico mútuo que os permite ir mais longe na jornada, provando que a empatia pode transformar vidas. Em 1h50 de filme, nota-se o crescimento dos personagens, em especial Garraty (Cooper Hoffman) e McVires (David Jonsson), que mostram como a vida de alguém pode impactar a sua, a ponto de transformar até a sua própria visão de mundo. Uma história que revela o melhor da humanidade diante de um desafio desumano.

“A Longa Marcha” chega dia 18 de setembro nos cinemas.

Bia Fenga
Bia Fenga
Formada em Rádio e TV e cursando pós-graduação em Jornalismo Cultural e de Entretenimento, é criadora de conteúdo audiovisual e já cobriu diversos eventos voltados a cultura pop, como CCXP, D23, Bienal do Livro e Gamescon. Além disso, é colecionadora de Funkos Pop, chegando a ter quase 300 na coleção.

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