Como uma fã assumida de comédias românticas, fiquei empolgada assim que soube do novo filme da Celine Song. Com o histórico da diretora e um elenco de peso, era difícil imaginar que o resultado decepcionaria.
E de fato, não decepciona. Mas também não encanta por completo.
Chamar esse filme de comédia romântica seria um pouco forçado. Ele é, acima de tudo, um romance com toques de humor, que propõe reflexões mais densas e entrega uma estética narrativa que, embora flerte com o clichê, foge bastante da leveza e da fórmula clássica que muitos fãs do gênero esperam. A ausência de trilha sonora em diversas cenas pode causar estranheza, gerando uma sensação de lentidão para quem não está habituado com esse tipo de escolha artística.

O longa se vende como um triângulo amoroso, mas, no fundo, é muito mais sobre a forma como a protagonista enxerga o mundo do que sobre os seus romances em si. Trata da maneira como ela se posiciona diante da sociedade e, principalmente, dentro do meio em que está inserida.
Lucy (Dakota Johnson) é uma casamenteira profissional, dedicada a encontrar o par ideal para seus clientes, que, muitas vezes, veem o amor sob o filtro das próprias vaidades. “A pessoa ideal não pode ser isso, nem aquilo, e deus me livre se for pobre ou fora do padrão.” Imersa nesse universo, Lucy também revela sua própria visão materialista dos relacionamentos: sem estabilidade financeira, o amor pode facilmente ruir.

É aí que entram John (Chris Evans), um ator sonhador apaixonado por Lucy, e Harry (Pedro Pascal), um milionário que vê nela a parceira perfeita, ou melhor, um ótimo investimento. Ambos funcionam mais como espelhos para o desenvolvimento da protagonista do que como interesses amorosos que fazem o público suspirar. Mas isso não impede a gente de se apaixonar por eles, especialmente com as atuações carismáticas de Evans e Pascal.
O filme provoca uma boa reflexão sobre como, hoje em dia, buscamos mais a perfeição do que o afeto genuíno. Mostra como, muitas vezes, criamos filtros e exigências superficiais (aparência, status, estilo de vida) como forma de nos sentirmos mais valorizados, esquecendo que conexões verdadeiras vão muito além disso. É um retrato sensível de como o padrão de beleza e o capital social transformam pessoas em ativos no mercado dos relacionamentos.

“Amores Materialistas” é sim um bom filme. Vale a pena assistir, principalmente por levantar temas tão atuais e necessários. Mas, sinceramente, eu esperava mais, principalmente vindo de Celine Song.
As atuações são excelentes, o visual é belíssimo e o desfecho, previsível. É uma boa experiência, mas não é aquele filme que vai morar na sua cabeça por dias nem redefinir o gênero.
Ainda assim, preciso destacar um detalhe que achei brilhante: a escolha dos nomes dos personagens masculinos. Harry, o milionário, carrega um nome de realeza, símbolo de status e poder. Já John, nos Estados Unidos, é o nome genérico usado para pessoas não identificadas, o famoso “John Doe”. A sutileza dessa escolha já posiciona os dois no tabuleiro da narrativa de forma inteligente, reforçando a discussão central sobre o materialismo.
Ah, e só pra constar: sou #TeamPedro 😌
“Amores Materialistas” estreia hoje, 31 de julho de 2025, nos cinemas brasileiros.
Ficha técnica:

Amores Materialistas (2025) – Estados Unidos
Direção: Celine Song
Roteiro: Celine Song
Elenco: Dakota Johnson, Pedro Pascal, Chris Evans



