A nova adaptação de Drácula de Luc Besson surpreende ao equilibrar fielmente a essência gótica do romance original com um ritmo envolvente que mantém o espectador preso do início ao fim. Diferente de outras obras do gênero, que tendem a ser excessivamente lentas, o filme consegue imprimir dinamismo sem sacrificar a atmosfera sombria.

A fotografia é um espetáculo à parte: paleta de cores dentro da estética, com tons frios e destaque para o vermelho vivo, e composição impecável ajudam a criar uma estética que dialoga com referências góticas clássicas – não apenas literárias, mas também visuais.
Outro ponto de destaque é a construção do personagem-título. Inicialmente, o Conde não seduz pela aparência, mas, aos poucos, revela um charme irresistível que captura o público, exatamente como no imaginário do personagem criado por Bram Stoker. O roteiro explora também uma história de amor atípica, livre de excessos melosos, mas carregada de melancolia, elemento essencial das narrativas góticas.
Apesar da história de amor não fazer parte do romance original de Bram Stoker, o filme bebe diretamente da adaptação de 1992, incorporando esse elemento para tornar a trama mais envolvente e emocionalmente rica. Essa escolha acrescenta camadas ao personagem e aproxima o público, sem tirar o peso do terror gótico. Ainda assim, confesso que senti falta de ver o Drácula se transformar em morcego. Afinal, alguns clichês são deliciosos demais para deixar de lado (risos).

Ao contrário de obras como Nosferatu, que sofrem com a falta de ação, esta adaptação consegue entregar momentos de intensidade sem perder a profundidade. Aqui, há morte, mas também vida, um contraste que potencializa o drama e o terror.
Embora a palavra “terror” possa afastar alguns espectadores, trata-se de um terror gótico: mais atmosférico e psicológico do que de sustos fáceis. O resultado é um filme esteticamente impecável, narrativamente equilibrado e emocionalmente impactante, que respeita a tradição e ainda assim soa novo.
Vale muito a pena assistir. Seja você fã do clássico literário ou apenas alguém em busca de uma boa história que misture romance, suspense e beleza visual.
Ficha técnica:

Dracula: A Love Tale (2025) – França
Direção e roteiro: Luc Besson
Baseado em: Drácula, de Bram Stoker
Elenco: Caleb Landry Jones, Christoph Waltz, Zoë Bleu, Matilda De Angelis
Fotografia: Colin Wandersman
Trilha sonora: Danny Elfman
Gênero: Terror, romance, fantasia
Produção: EuropaCorp / TF1 Films Production / SND
Idioma original: Inglês e francês



