SPOILERS DO PRIMEIRO EPISÓDIO DA SEGUNDA TEMPORADA DE THE LAST OF US
No último domingo, a HBO e Max retornaram com a segunda temporada da aclamada série “The Last of Us”, derivada do jogo de mesmo nome e que conta com dois títulos lançados. A nova temporada terá como base os acontecimentos do segundo game, 5 anos após o encontro de Joel (Pedro Pascal) e Ellie (Bella Ramsey) e a jornada que viveram juntos.
Nesse primeiro episódio, os criadores conseguiram equilibrar novidades e o famoso “fan service”. De forma ousada – marca registrada de Neil Druckmann, criador dos jogos e showrunner da série – o episódio começa com uma grande mudança, que é a apresentação da personagem Abby, de grande relevância na trama. Logo no primeiro diálogo entre ela e seus colegas, é possível decifrar algumas informações sobre seus objetivos e sua motivação. Mas nem tudo é entregue de bandeja, deixando aqueles que ainda não jogaram com uma “pulga atrás da orelha” pra descobrir o que Joel realmente fez contra ela.

O restante do episódio se passa inteiramente em Jackson, focando em mostrar a comunidade criada lá e como estão os protagonistas após essa passagem de tempo. E o que logo vemos é que o relacionamento entre eles não está tão bem assim. Joel e Ellie estão sem se falar, mas não é deixado claro o motivo. Deduzimos que possa ser apenas uma fase da Ellie graças à especulações e diálogos que dão entender isso. Os que jogaram sabem bem o que aconteceu, mas mais uma vez, os criadores apresentaram essas informações de forma que não entregue tudo de uma vez.
Um dos pontos mais polêmicos do episódio é o fato de Joel tentar tratar esse abismo entre ele e Ellie fazendo terapia. No jogo, essa situação é mostrada para nós em forma de diálogo entre o protagonista e seu irmão Tommy. Apesar dele ainda não ter verbalizado nada da conversa do game com ela, parece ser esse o caminho que a série vai seguir. Em todo caso, não me incomodou ter uma terapeuta na história, em especial por ser interpretada pela incrível Catherine O’Hara. A introdução da personagem foi interessante, não apenas como uma psicóloga, mas também como esposa do Eugene, um personagem que é apenas citado no jogo e mesmo não estando mais vivo em ambos formatos, terá uma história diferente na série.

Outros personagens são apresentados nesse episódio, sendo os mais relevantes Dina e Jesse. Isabela Merced, que dá vida a Dina na série, roubou a cena em todos os momentos que apareceu na tela. Extremamente carismática e leve, ela se difere um pouco da personagem do jogo, mas de forma extremamente positiva.
Os acontecimentos do episódio também foram modificados para uma maior fluidez narrativa: cenas contadas em flashback no jogo foram reorganizadas e inseridas de uma forma que contenha uma linearidade na história da série e sinto que foi bastante agregador nesse formato. Temos que entender que a linguagem dos games é bastante diferente da linguagem de filmes e séries, e até o momento, todas as adaptações feitas foram de encontro com o que a linguagem audiovisual pede.
Mesmo com essas mudanças, os fãs do jogo foram bem servidos com “easter eggs” do produto original. Para citar alguns, apareceu o icônico violão que Joel deu para Ellie, inseriram a cena onde vemos um cachorrinho aparecendo como empregado do mês na parede do mercado, mostraram Ellie escreve em seu diário e nos presentearam com um cameo do Gustavo Santaolalla, compositor da trilha sonora de The Last of Us que também aparece no jogo tocando banjo.

Apesar de mais “morno”, o episódio foi bem completo e serviu para contextualizar o momento e nos ajudar a conectar (ou reconectar) com os personagens e com a história. Entregou cenas de ação – mesmo que poucas – drama, romance, comédia e serviu como um respiro profundo antes de todos tomarem fôlego para o que vai vir a seguir. E como alguém que já jogou “The Last of Us Parte 2”, posso dizer que vocês vão sentir falta de momentos tranquilos como esses do primeiro episódio.