Ne Zha é um dos personagens mais marcantes do folclore chinês. Presente no clássico literário Investidura dos Deuses (Fengshen Yanyi, século XVI), ele é retratado como um jovem guerreiro travesso e rebelde, filho de um comandante militar. Dotado de poderes desde o nascimento, Ne Zha enfrenta monstros, divindades e – principalmente – seu próprio destino.
Mas afinal, por que a versão animada dessa lenda se tornou um dos maiores sucessos de bilheteria da história?
Em 2019, o diretor Jiaozi (Yang Yu) reimaginou a história no longa-metragem Ne Zha, que conquistou o público com um visual arrebatador e uma narrativa cheia de emoção. Na trama, Ne Zha nasce com a “Pérola Mista Celestial”, um artefato mágico criado a partir da essência do céu e da terra. Porém, um erro divino corrompe a pérola e o transforma em alguém destinado a ser um “demônio” que traria destruição ao mundo.
Temido pela própria vila desde bebê, Ne Zha cresce isolado, revoltado e com uma necessidade constante de provar que pode ser bom. Enquanto tenta mudar seu destino, a “Pérola Espiritual” cai nas mãos do clã dos dragões, e Ao Bing, príncipe dos dragões, torna-se seu rival. A relação entre eles, porém, é mais complexa do que parece, já que ambos compartilham o mesmo dilema: são vítimas de um destino cruel.

O clímax do filme coloca Ne Zha diante de uma escolha impossível: Seguir o destino traçado para ele ou sacrificar tudo para salvar as pessoas que sempre o rejeitaram.
O resultado foi um fenômeno global: Ne Zha arrecadou cerca de US$ 725 milhões em bilheteria mundial (com um orçamento de apenas US$ 80 milhões), tornando-se uma das maiores animações da história da China.
Se o primeiro filme já foi marcante, a sequência levou tudo a outro nível. “Ne Zha 2” estreou em 29 de janeiro de 2025, durante as comemorações do Ano-Novo Chinês, na China, e rapidamente se tornou o filme de animação mais lucrativo da história, arrecadando mais de US$ 2,2 bilhões em bilheteria, e isso antes mesmo de estrear em grandes mercados internacionais, como o Brasil.

A nova história começa logo após os acontecimentos do primeiro longa. Ne Zha e Ao Bing têm seus corpos destruídos por poderes divinos, mas são recriados por Taiyi Zhenren usando a Lótus Sagrada. A nova vida, no entanto, vem com um preço: os dois precisam compartilhar o mesmo corpo por sete dias e enfrentar três provas mortais para obter um elixir capaz de restaurar Ao Bing.
Enquanto isso, o verdadeiro vilão surge nas sombras: Mestre Wuliang, líder da Seita Chan, manipula tudo a sua volta para consolidar poder e incriminar os dragões, transformando-os em elixires demoníacos.
Vale ressaltar que, a grandiosidade do longa se reflete também na produção. Mais de 4.000 profissionais em 138 estúdios trabalharam no filme, que possui cerca de 2.400 tomadas, 80% delas com efeitos visuais complexos. Além disso, uma das maiores inovações foi o uso do Particle Ink Wash Engine, uma tecnologia que simula a fluidez da pintura chinesa tradicional com partículas digitais. Para se ter uma ideia, uma única cena de apenas 0,8 segundo levou nove meses para ser finalizada.

Após quebrar recordes no mercado chinês e conquistar o mundo, “Ne Zha 2” estreia nos cinemas brasileiros em 20 de setembro de 2025, com distribuição da A2 Filmes. Será a primeira oportunidade do público brasileiro de assistir a essa sequência épica nas telonas, e, pelo histórico da franquia, a expectativa não poderia ser maior. Animados para vivenciar a história sendo feita de pertinho?



