Em um mercado cada vez mais saturado por aventuras genéricas em mundos abertos, Star Overdrive, desenvolvido pelo estúdio francês Caracal Games e publicado pela Dear Villagers, chega com uma proposta estilizada: unir ação, hoverboards e um universo alienígena colorido em um só pacote. Disponível para PlayStation 5, Xbox Series X|S e PC, o título acerta no estilo, mas tropeça em execução.
Logo nos primeiros minutos, a estética salta aos olhos. Inspirado por jogos como Bob Esponja: The Cosmic Shake e com toques que lembram a dinâmica de Jak 3, o game aposta em uma direção de arte cartunesca, mundos amplos e uma atmosfera juvenil. A comparação, no entanto, termina aí. Ao contrário de seus “primos espirituais”, Star Overdrive não consegue sustentar sua proposta com consistência mecânica ou narrativa.
A história gira em torno de Bios, um protagonista silencioso que viaja ao planeta alienígena Cebete para resgatar sua amiga Nous, desaparecida após emitir um misterioso sinal de socorro. A premissa, embora funcional, é rasa e mal explorada. O silêncio absoluto do herói — que não fala em nenhum momento — reforça a sensação de vazio narrativo. Sem diálogos cativantes ou arcos dramáticos, é difícil se importar com a jornada.
O que poderia compensar essa simplicidade é a jogabilidade. De fato, a mecânica de hoverboard — o grande destaque do jogo — oferece momentos divertidos, com manobras acrobáticas e movimentação fluida pelas vastas paisagens de Cebete. O problema é que isso funciona bem apenas até onde a exploração permite. Em trechos como um extenso deserto onde o jogador precisa localizar duas torres sem qualquer orientação, a experiência se torna arrastada, frustrante e desmotivadora.

A sensação de desorientação é agravada por outro ponto crítico: o combate. Armado com uma espécie de keytar — um teclado-guitarra futurista —, Bios enfrenta inimigos em batalhas pouco responsivas. A função de travar a mira, essencial em jogos do gênero, falha com frequência, tornando os confrontos mais um obstáculo do que uma fonte de diversão. Isso pode afastar até mesmo o público mais jovem, para quem o jogo parece claramente direcionado.
Apesar disso, o jogo tem seus méritos. A trilha sonora é competente, a direção de arte é coesa e, para jogadores mais novos, pode oferecer uma introdução acessível ao gênero. Mas fica a sensação de um projeto com boas ideias que, infelizmente, não foram refinadas o suficiente para brilhar.
Star Overdrive é, no fim, uma aventura visualmente charmosa, mas mecanicamente limitada e narrativamente esquecível. Um título que promete velocidade e emoção, mas que acaba preso em sua própria falta de rumo.



