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CRÍTICA | ‘Apanhador de Almas’ é um tiro no escuro para o terror no cinema brasileiro

O filme "Apanhador de Almas" chega como uma tentativa ousada de mergulhar no sobrenatural com poucos recursos

O cinema de gênero no Brasil, em especial o terror, vive um momento de efervescência, com diretores e produtores explorando as peculiaridades da cultura local para criar narrativas que fogem do convencional. Nesse cenário, o filme “Apanhador de Almas” chega como uma tentativa ousada de mergulhar no sobrenatural com poucos recursos.

Gravado em apenas duas semanas em uma casa na Serra da Cantareira, em São Paulo, o longa-metragem é, sem dúvida, um testemunho da paixão de sua equipe. Contudo, a dedicação, por vezes, não é suficiente para sustentar uma obra cinematográfica. Durante a pré-estreia do filme, os diretores Fernando Alonso e Nelson Botter Jr. contaram ao Papo Geek que o processo de produção do filme levou cerca de um ano, principalmente por conta dos efeitos especiais do longa.

A premissa do filme é, de fato, bastante promissora. A ideia por trás da trama é intrigante e tem potencial para criar um universo de terror psicológico e folclórico que poderia ressoar com o público. É evidente que a equipe criativa tinha uma visão clara do que queria contar. O problema surge na execução. O que poderia ser uma história cativante acaba por se perder em uma narrativa que parece não saber bem como desenvolver suas próprias ideias. A sensação é de que a riqueza do conceito não foi plenamente explorada, deixando o espectador com a impressão de que o roteiro não alcançou todo o seu potencial.

Um dos pontos mais sensíveis da produção é o trabalho do elenco. Embora haja um esforço perceptível para dar vida aos personagens, a performance não convence, comprometendo a imersão na história. Em diversos momentos, a atuação soa forçada, e a falta de naturalidade dificulta a conexão com os dilemas e os sustos dos protagonistas. Talvez por conta da falta de experiência das atrizes na linha do terror, esses sentimentos de medo não foram tão bem transmitidos para o público.

Outro aspecto que enfraquece a experiência é a trilha sonora. A música, que deveria amplificar a tensão, acaba se tornando um elemento repetitivo e até cansativo. As composições e até mesmo o ranger das portas parecem não se encaixar organicamente nas cenas, e sua insistência em certos momentos tira a força dramática, ao invés de acrescentá-la.

“Apanhador de Almas” é um exemplo de como a boa vontade e uma excelente ideia nem sempre se traduzem em um bom filme. A produção é um lembrete do quão desafiador é fazer cinema no Brasil, especialmente no gênero de terror, onde a precisão técnica e o controle do ritmo são cruciais. Também é importante levar em conta que não se investe tanto nesse genero no Brasil como no exterior, e esses detalhes podem afetar o resultado final do projeto. O filme estreia hoje, 18 de setembro, nos cinemas de todo o país. E se você gosta de um terror estilo ‘Zé do Caixão’, talvez goste de ‘Apanhador de Almas’.

Eduarda Moutinho
Eduarda Moutinho
Apaixonada pela cultura pop, começou a trabalhar com jornalismo em 2022, na cobertura da tão querida BGS. Trabalhou na redação de um dos maiores portais de entretenimento do Brasil e, agora, se juntou à equipe do Papo Geek!

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