Escrever este review é, com certeza, um momento muito emocionante pra mim.
Afinal, se hoje eu sei ler, escrever – e aprendi a amar a leitura e a cultura ainda criança -, a “culpa” é dele. E esse fato não é verdadeiro só pra mim, mas pra milhões de brasileiros (e estrangeiros também).

Mauricio de Sousa é um patrimônio cultural brasileiro.
Mais do que um cartunista, ele é responsável pela alfabetização de gerações de crianças no país. É também o guardião da inocência da infância, contando histórias lúdicas e divertidas, enquanto nos presenteia com nossos primeiros melhores amigos: a Turma da Mônica.
Quem nunca foi amiga da Mônica e da Magali, ou quis bolar um plano infalível com o Cebolinha e o Cascão?
Neste mês, em que esse mestre celebra seus 90 anos, somos presenteados com um filme que mergulha na história que todos sempre quiseram conhecer em detalhes: como as criações dele chegaram até nós?
O filme parte da infância de Mauricio. E, se você espera uma história de origem pesada e cheia de obstáculos, este não é o caso. A narrativa, desde o início, é contada com leveza, sempre preservando as memórias do homenageado e usando sua imaginação e persistência como fio condutor.
Na infância, estamos no interior de São Paulo, onde Mauricio vive com os pais, escuta as histórias da avó, brinca com os amigos e descobre o amor pela ilustração e pela criação de personagens.

O pequeno Mauricio de Sousa é interpretado pelo cativante Diego Laumar, que em nenhum momento deixa de ser criança, e digo isso como o maior dos elogios. Não há nada mais bonito do que a pureza da infância. Diego é sorridente, carismático e transmite a alegria de uma criança feliz, sempre amparada pela família.
Falando em família, é ela que conduz Mauricio ao sucesso.
E não, não estou colocando o carro na frente dos bois pra falar da criação dos personagens, mas sim da ida de Mauricio a São Paulo e do apoio incondicional de seus familiares nessa jornada.

Essa fase adulta é interpretada com enorme carinho e sensibilidade por Mauro Sousa, filho de Mauricio, o que torna tudo ainda mais emocionante. O próprio Mauro contou que se emocionou muito nos bastidores e que este talvez seja o momento mais importante da sua carreira.
Todo esse afeto, proximidade e respeito transbordam na atuação dele, que nos apresenta um Mauricio que encontrou na rotina familiar uma beleza tão grande que decidiu eternizá-la em sua arte.
Não dá pra deixar de mencionar a direção cuidadosa de Pedro Vasconcelos.

Na coletiva de imprensa, Pedro contou algo que resume bem o espírito do filme: fez questão de ter Mauricio por perto durante todo o processo, porque essa história é dele. É preciso respeitar a trajetória de um artista como ele e colocar na tela o que realmente faz sentido para contar essa narrativa.
Além dessa sensibilidade, Pedro traz uma estética que lembra as revistas em quadrinhos, com planos mais estáticos, nos dando a sensação de estar folheando uma revistinha da Turma da Mônica.
O filme não conta apenas a história de Mauricio, mas também a nossa.
Afinal, elas se cruzam – e o que seria da vida dos brasileiros sem a obra dele?
“Mauricio de Sousa – O Filme” estreia no dia 23 de outubro, e você não pode perder.
Ficha Técnica

Mauricio de Sousa – O Filme (2025) – Brasil
Direção – Pedro Vasconcelos
Co-Direção – Rafael Salgado
Produção – Tuinho Schwartz
Roteiro – Pedro Vasconcelos e Paulo Cursino
Direção de Fotografia– Luciano Xavier, A.B.C.
Direção de Arte – Rita Vinagre
Figurinos – Claudia Kopke e Nathalia Campos
Música – Eduardo Resende
Elenco: Mauro de Sousa, Diego Lamar, Tathi Lopes, Emílio Orciollo Netto, Natalia Lage, Elizabeth Savala



