A animação A Outra Forma teve um painel especial intitulado “O mundo quadrado de A Outra Forma” com apresentação de trecho da animação e bate-papo com os criadores na CCXP 24, no dia 7 de dezembro, e hoje, o Papo Geek teve o prazer de receber o filme para assistir e compartilhar tudo com vocês, o que achamos do longa.
O longa-metragem “A Outra Forma” nos leva a um futuro próximo onde a humanidade constrói um paraíso quadrado e artificial na superfície da Lua, que só pode ser alcançado quando corpos e mentes adquirem formatos quadrados. Para isso, lançam mão de engrenagens, ferramentas, dispositivos corretivos e até cirurgias, que moldam seus corpos como cubos. Entre estas pessoas, há um cidadão, que guarda internamente questionamentos de sua individualidade e o que poderia dar errado, na verdade, alavanca uma jornada particular e única.
O filme gera uma estranheza logo de inicio, a arte e toda a animação sem falas gera um certo desconforto, e é para ser assim. O intuito e principalmente, a mensagem, são passadas ao telespectador justamente com esse estranhamento. O longa retrata exatamente o que nós fazemos hoje ou buscamos, que é nos encaixar em uma sociedade que nos aceite, não pelo o que somos, mas pelo o que estamos tentando ser para nos encaixarmos.
O diretor e roteirista Diego Guzmán explicou em uma entrevista o que ele quis passar para o público com essa animação, ele comentou “O filme reflete sobre a manipulação do pensamento individual. Há muitas coisas em nossa sociedade que nos moldam, sem que tenhamos muita consciência disso. Modas, redes sociais, nosso grupo social, etc. Todos eles influenciam nossa maneira de agir, nossa maneira de pensar. Hoje em dia é muito difícil pensar por si mesmo dada a quantidade de informação a que estamos expostos. E quando você está imerso em algumas dessas “ideologias” (como neste caso, o quadrado), é muito difícil ver o mundo de outra forma.”, defende o diretor.
E é justamente isso que o diretor entregou nesse filme. É difícil buscar palavras mais certeiras do que essas, pois é, exatamente esse sentimento que sentimos ao ver o filme do inicio ao fim. O filme nos mostra o quanto nos moldar para viver em uma sociedade “perfeita” pode no fim, nos destruir como pessoas, ou no pior dos casos, só nos apagar.
Ser quadrado, em “A Outra Forma”, vai além de ter o pensamento fechado, ser antiquado ou teimoso: é a norma dessa sociedade distópica. “Neste caso, o quadrado é uma invenção humana, oposta ao que é orgânico e natural. É a ideia de perfeição inatingível. Algo tão polido que não pode ter qualquer ranhura ou defeito”, explica Guzmán. “Mas são os defeitos e as imperfeições que nos tornam diferentes dos outros. O quadrado é a concepção errada de que somos todos iguais e que todos devemos nos encaixar no mesmo molde.”
Em resumo, o filme entrega exatamente o que se propõe a entregar, uma animação sem falas, com um certo desconforto, uma animação exagerada e uma mensagem forte. Apesar disso, sinto que o longa foi maior do que realmente precisava ser, em certo momento A Outra Forma deixa de ser instigante e se torna um tanto cansativa. A sua duração de 1h30 aproximadamente, poderia ter pelo menos 30 minutos a menos e já faria uma grande diferença.
Ainda assim, vale assistir pela pauta e pelos questionamentos que nos surgem após o filme, afinal, até quando vamos mudar e nos moldar no mundo ideal do próximo?.
Com produção e distribuição do Estúdio GIZ, o filme tem direção do colombiano Diego Guzmán e os brasileiros, o diretor de animação Valu Vasconcelos e o designer de som Marcelo Cyro, e chega aos cinemas do Brasil dia 12 de dezembro.