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Crítica | Missão: Impossível – Acerto de Contas –  entrega ação visceral, nostalgia e um tributo ao cinema clássico de ação

Mesmo com ritmo irregular e trama familiar, longa se sustenta no carisma do astro e na força de suas cenas de ação.

Após os eventos de Missão: Impossível – Acerto de Contas – Parte 1, Ethan Hunt (Tom Cruise) e sua equipe retornam para impedir a ameaça cada vez mais presente da Entidade, uma inteligência artificial poderosa e incontrolável. Luther (Ving Rhames) desenvolve uma arma digital — uma espécie de “pílula venenosa” — capaz de neutralizar o sistema. Benji (Simon Pegg) localiza o submarino Sevastopol, peça-chave que guarda o código-fonte da IA. Grace (Hayley Atwell), ganha protagonismo ao lado de Hunt. Já Paris (Pom Klementieff), a mais nova integrante, embarca em uma missão pessoal: eliminar Gabriel (Esai Morales), que agora almeja controlar a Entidade.

Diferentemente de seus antecessores, o novo capítulo da franquia apresenta menos cenas de ação em quantidade, mas aposta em sequências mais longas, intensas e elaboradas. Em vários momentos, é impossível não pensar: “Meu Deus, o Tom Cruise vai morrer!” Essas cenas eletrizantes, no entanto, contrastam com diálogos excessivamente expositivos e flashbacks de filmes anteriores que, por vezes, comprometem o ritmo da narrativa.

Com a promessa de ser o último filme da saga — ao menos por enquanto —, o longa está repleto de referências, homenagens e fan service. Para os fãs de longa data, esse mergulho na mitologia da franquia pode soar como um grande acerto. Já para quem chegou mais recentemente à série, a sensação é de um inchaço desnecessário que prejudica o andamento da história.

A trama segue o tom do filme anterior, com a Entidade como vilã central: uma IA que ameaça sistemas governamentais e planeja ataques de escala global. A premissa, já bastante explorada na ficção científica recente, não traz grandes novidades, mas serve como pano de fundo para um comentário metalinguístico poderoso: Tom Cruise está, mais uma vez, lutando pelo cinema.

Lançado durante o período da greve dos roteiristas em Hollywood e após o sucesso de Top Gun: Maverick, que ajudou a reaquecer as bilheterias pós-pandemia, Missão: Impossível – Acerto de Contas – ganha contornos de manifesto. Cruise se posiciona, contra a substituição de artistas por inteligências artificiais. Seu compromisso com o espetáculo físico e visceral — realizando todas as suas acrobacias, sem dublês — reforça essa declaração de amor ao cinema tradicional.

Esse comprometimento, no entanto, também tem seu efeito colateral. A presença tão marcante de Cruise nas cenas de ação pode dificultar a suspensão da descrença. Em vez de vermos Ethan Hunt salvando o mundo, vemos Tom Cruise salvando o mundo. A figura do astro se sobrepõe ao personagem — uma inversão que pode comprometer a imersão narrativa, ainda que reforce o carisma quase mitológico do ator.

Apesar disso, o filme entrega um espetáculo sensacional de assistir em uma tela IMAX. A história, embora previsível em alguns pontos, é sustentada por cenas de ação de tirar o fôlego, momentos de tensão bem construídos e muita emoção. Como potencial encerramento de uma das franquias mais longevas e consistentes do cinema de ação, Missão: Impossível – Acerto de Contas – cumpre sua missão com estilo.

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