SPOILERS DO SEGUNDO EPISÓDIO DA SEGUNDA TEMPORADA DE THE LAST OF US
O segundo episódio de “The Last of Us” chegou na Max/HBO para abalar todos, fãs novos e fãs antigos. O que o primeiro capítulo não ofereceu de aflição e temor, o segundo entregou tudo isso e mais um pouco. A começar pela forte tempestade de neve vinda do horizonte, seguido por um ataque dos infectados à cidade de Jackson e fechando com a horrenda e dolorosa morte de Joel. Se desgraça pouca é bobagem, em “The Last of Us” isso já é corriqueiro.
Antes de falar sobre o acontecimento principal, preciso enaltecer a escolha dos criadores ao adicionar a invasão dos infectados em Jackson na série. Para os que não jogaram, isso não acontece no game e foi feito exclusivamente para esse formato televisivo. Confesso que fazia tempo que uma série não me deixava com o desespero no talo, sentada na beira da cadeira roendo as unhas. O mais incrível é o fato de que, mesmo tendo jogado o jogo, “The Last of Us” ainda consegue trazer surpresas que agregam a esse universo.

Tendo dito isso, vamos ao fatídico momento do segundo episódio. Abby (Kaitlyn Dever), que inclusive é a primeira personagem que vemos logo no início do capitulo, finalmente verbaliza sua motivação para tanto ódio e sede de vingança por Joel (Pedro Pascal): ele matou seu pai, um Vagalume que também era o médico responsável por operar Ellie (Bella Ramsey). Para mim é bastante complexo falar sobre a Abby, em especial tendo jogado o jogo e saber coisas que ainda não foram mostradas, mas vou tentar ser imparcial e me ater aos fatos. E o fato aqui é que ela simplesmente torturou e matou um dos personagens principais e mais queridos da trama, e não tem como ter empatia por ela nesse momento.
Uma das coisas que mais amo sobre “The Last of Us” e que seu criador, Neil Druckmann, sempre traz em entrevistas o ponto de que não existem vilões, apenas pontos de vista diferentes. A Abby é uma vilã aos nossos olhos por estarmos com esses olhos voltados para a história de Joel, mas ele também é um vilão na história dela. O mais impecável sobre “The Last of Us” é que TODOS ali tem histórias cheia de nuances, não são apenas personagens jogados de forma aleatória ou rasa. Tanto no jogo quanto na série é perceptível o grau de cuidado com essas historias e estou muito curiosa pra ver como farão para tentar reverter a sensação de raiva que muitos estão nesse momento em relação a Abby – no jogo, pelo menos pra mim, deu certo. E falando nela, o que faltou em músculos na Abby de Kaitlyn Dever tem de sobra na sua atuação, que entregou um monologo extremamente forte na cena mais importante de todas.

Não é segredo que a morte horrenda de Joel chegaria cedo ou tarde na série, mas o impacto dela se manteve bastante forte, pois aprendemos a gostar dele e até “passar pano” para muitas das suas atitudes erradas. A dor se intensifica ainda mais ao ter Ellie presenciando a sua morte – e triplica quando lembramos que eles não estavam se falando quando isso ocorreu. Consequências geram consequências. E se Abby acha que suas ações também não irão gerar consequências, já lhes adianto que ela está bem enganada.
Para não perder o costume e tentar aliviar um pouco esse momento tenso, o episódio serviu também muitas referencias do jogo, como o local onde Abby e seus colegas estão escondidos, a Ellie entrando no espaço onde Eugene plantava maconha (inclusive encontrando sua máscara-bong), o colar de vagalume de Eugene e Abby sendo atacada por infectados do outro lado da cerca.

Um episódio que ofereceu traumas e gatilhos incuráveis – digo com propriedade, pois carrego isso comigo desde que joguei pela primeira vez há 5 anos –, mas que até agora vem mantendo a qualidade de uma adaptação muito bem-feita e entregando até mais do que estávamos esperando.