Três décadas depois, Detective Conan continua sendo um fenômeno que parece desafiar o próprio tempo. A franquia de Gosho Aoyama não se reinventa e talvez nem precise. A essência segue a mesma: raciocínio rápido, carisma constante e aquela sensação reconfortante de mergulhar em um bom mistério à moda antiga. O novo filme, O Pentagrama de Milhões de Dólares, chega para provar que o pequeno detetive ainda sabe comandar o espetáculo.
A trama gira em torno de um roubo anunciado por Kaito Kid, o ladrão mais elegante da animação japonesa, que mira uma coleção de espadas lendárias ligadas à família Onoe. O que começa como mais um duelo entre Conan e Kid logo ganha contornos sombrios, com assassinatos, segredos familiares e um enredo que mistura tradição, honra e enigmas dignos de Agatha Christie. É o tipo de história que mantém o público pensando, mesmo quando já se desconfia da solução.

Visualmente, o filme é um dos mais bonitos da franquia. A direção de Chika Nagaoka transforma Hakodate em um palco quase místico, o forte Goryōkaku, por exemplo, parece saído de uma pintura. Há um cuidado visível com a ambientação, e isso eleva o peso de cada cena. O ritmo é ágil, sem atropelar a dedução, e a trilha sonora reforça aquele suspense clássico que só Conan consegue entregar.
Mas nem tudo é perfeito. A fórmula da franquia já é conhecida, e O Pentagrama de Milhões de Dólares não tenta escondê-la. O padrão está todo ali: roubo anunciado, investigação, reviravolta e uma dedução final de tirar o fôlego só que, desta vez, o fôlego vem mais da nostalgia do que da surpresa. É um filme redondo, mas previsível. Os fãs vão se sentir em casa; os novos espectadores, talvez um pouco deslocados.
Ainda assim, há algo de encantador em ver Conan, Heiji e Kid dividindo tela com tanta química. O trio carrega o filme com naturalidade, e a dinâmica entre eles mantém a narrativa viva, mesmo quando o mistério já parece resolvido. É essa energia que faz Detective Conan resistir por tanto tempo o equilíbrio entre o enigma cerebral e a emoção discreta dos personagens.

No fim, O Pentagrama de Milhões de Dólares não reinventa a roda, mas a faz girar com maestria. É um filme que entende o peso de sua história e entrega exatamente o que o público fiel espera: um mistério bem construído, belas imagens e a sensação reconfortante de que, no mundo de Conan Edogawa, a lógica ainda vence o caos.



