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O mercado de quadrinhos no Brasil está passando por um arco complicado — e não é ficção.

Queda de leitores, preços altos e a volta dos “gibis baratos” da Panini

Nos últimos anos, a indústria nacional viu uma queda considerável no número de leitores e um aumento pesado nos preços das publicações. Segundo a Nielsen BookScan, entre 2020 e 2023, os preços das HQs subiram 23%, com o valor médio chegando a R$ 41,27 por exemplar. Como era de se esperar, isso impactou direto nas vendas: só em 2023, houve uma queda de 14% nas vendas de quadrinhos, depois de dois anos seguidos de crescimento.

Pra piorar, a pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, feita pelo Instituto Ipec, mostrou que o país perdeu cerca de 6,7 milhões de leitores entre 2019 e 2023. Hoje, apenas 27% dos brasileiros dizem ter lido um livro inteiro nos últimos três meses. O cenário é preocupante até pra quem nunca largou os gibis.

Mas nem tudo é crise — tem gente tentando virar esse jogo. A Panini, gigante do setor responsável por mais da metade dos títulos lançados no país, resolveu investir em alternativas mais acessíveis. Uma das apostas da editora foi trazer de volta os encadernados com acabamento em grampo — aquele formato mais simples e barato, mas que havia sido deixado de lado pelas edições em lombada quadrada. Além disso, a Panini lançou a linha DC De Bolso, com HQs em formato compacto, preços menores e histórias completas — para quem quer praticidade ou está afim de ter uma HQ famosa por um preço mais em conta.

Apesar de bem recebida por muitos, essas mudanças também geraram polêmica. Alguns leitores invadiram as redes sociais da editora reclamando que os formatos mensais mais simples vão deixar as publicações muito longas e, ironicamente, até mais caras no final das contas. 

Por outro lado, editoras menores como a Mino também estão se movimentando. Uma das estratégias mais vistas é a presença em feiras e eventos como a Bienal, a feira da Unesp e encontros de quadrinhos, onde rolam descontos agressivos e contato direto com o público. 

No fim das contas, essas iniciativas mostram que o mercado está tentando se reinventar pra não perder mais espaço. Trazer de volta formatos clássicos, lançar edições mais acessíveis e se aproximar dos leitores pode ser o começo de uma nova fase. Ainda assim, reconquistar o público e atrair novos compradores é como enfrentar um vilão de fase final — exige estratégia, paciência e um bom roteiro.

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