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Representatividade em The Last of Us: inclusão real ou estratégia de marketing?

A 1° e a 2° temporada de The Last of Us já podem ser vistos na HBO MAX.

A adaptação televisiva de The Last of Us, da HBO MAX, baseada no premiado game da Naughty Dog, foi amplamente elogiada por sua produção de alto nível, atuações marcantes, e fidelidade emocional ao jogo original. No entanto, um dos aspectos mais debatidos — dentro e fora das redes sociais — foi sua abordagem da representatividade. Para alguns, a série é um avanço genuíno na inclusão de personagens diversos. Para outros, trata-se de mais um caso em que a diversidade serve apenas como vitrine para apelos comerciais. Afinal, estamos diante de uma inclusão autêntica ou de uma estratégia de marketing?

Desde o início, The Last of Us apresentou uma variedade de personagens que rompem com os estereótipos frequentemente vistos em produções do gênero pós-apocalíptico. Temos protagonistas femininas fortes, como Ellie (interpretada por Bella Ramsey), personagens LGBTQIA+ bem desenvolvidos, como Bill e Frank (vividos por Nick Offerman e Murray Bartlett), e ainda uma protagonista negra no episódio focado na personagem Riley (Storm Reid). A série também trouxe personagens de diferentes etnias e faixas etárias, o que contribuiu para um universo mais plural e representativo.

Segundo os produtores da série, a diversidade apresentada é uma extensão natural da proposta original do jogo, que já abordava questões de identidade, perda e afeto de maneira profunda. Em entrevistas, Neil Druckmann, cocriador da obra, reforçou que a inclusão não foi feita para “cumprir cota”, mas sim para refletir um mundo realista — onde a diversidade existe, resiste e se expressa de muitas formas, mesmo em cenários distópicos.

No entanto, o timing e a forma como essa representatividade é comunicada também geraram críticas. Há quem veja um certo “tom publicitário” na forma como os episódios centrados em personagens diversos foram promovidos. A pergunta que fica no ar é: essas escolhas narrativas são genuinamente orgânicas ou calculadas para gerar buzz e engajamento?

É inegável que a representatividade vende, e hoje, mais do que nunca, as grandes produções sabem disso. O risco, nesse contexto, é a superficialidade: inserir personagens diversos sem profundidade ou propósito, apenas para atender expectativas de audiência ou evitar críticas. Mas The Last of Us parece escapar dessa armadilha. Cada personagem tem um peso narrativo, uma história própria e muita importância na trama, o que fortalece a ideia de uma inclusão significativa, e não oportunista.

Ainda assim, o debate permanece relevante. Em um cenário de entretenimento em constante transformação, entender onde termina o compromisso com a diversidade e onde começa o marketing é essencial. Afinal, representatividade não pode ser apenas estética, ela precisa vir acompanhada de escuta, responsabilidade e respeito às vivências que pretende retratar.

Seja como um reflexo do mundo em que vivemos ou como uma forma de moldar o que desejamos ver nas telas, a representatividade em The Last of Us mostra que estamos caminhando. Se por motivação artística, ideológica ou comercial — talvez por todas elas —, o importante é que vozes antes marginalizadas estão, finalmente, sendo ouvidas. E isso, por si só, já é um passo à frente.

A 1° e a 2° temporada de The Last of Us já podem ser vistos na HBO MAX.

Bruna Araujo
Bruna Araujo
Criadora de conteúdo desde 2019, Bruna já entrevistou mais de 100 artistas globais para diferentes sites, trabalhou no 5° maior podcast nerd do país e fez cobertura de grandes eventos da cultura pop como, gamescom latam, Anime Friends, BGS, D23 Brasil e CCXP.

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