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OPINIÃO | O silêncio dos filmes de heróis no topo das bilheterias de 2025

Pela primeira vez desde 2011, o gênero de super-heróis não conseguiu cravar uma única vaga no cobiçado Top 5

O ano de 2025 será lembrado, no que tange ao cinema, não pelo que aconteceu, mas pelo que deixou de acontecer. Pela primeira vez desde 2011, o gênero de super-heróis não conseguiu cravar uma única vaga no cobiçado Top 5 das maiores bilheterias globais. O que antes era uma presença quase garantida, uma certeza sazonal para o lucro dos grandes estúdios, agora se manifesta como uma ausência notável, um silêncio ensurdecedor que aponta para uma fadiga de público inegável.

A “febre dos capas” que dominou a década anterior parece ter, enfim, baixado. Os números falam por si: a projeção geral para o desempenho dos filmes de heróis em 2025 é de queda significativa. É um sinal de que o público, saturado por anos de narrativas interconectadas, universos expandidos e a constante sensação de deja vu nas telas, começou a priorizar outras formas de espetáculo.

O sabor agridoce do ‘Superman’

Nesse cenário de baixa, houve apenas um ponto de luz, ainda que ele próprio carregasse o peso de uma decepção relativa: “Superman”. O filme do Homem de Aço, lançado com grande hype e a promessa de revitalizar a franquia, de fato se tornou o campeão de bilheteria do gênero no ano. No entanto, o triunfo é amargo.

Apesar de ser o mais rentável entre os heróis, o desempenho financeiro de “Superman” ficou abaixo das projeções mais otimistas de seus produtores. O que deveria ter sido o motor que impulsionaria o gênero de volta ao pódio, acabou por confirmar a nova realidade: mesmo os personagens mais icônicos não conseguem mais garantir resultados estratosféricos apenas com o nome. A expectativa de que o filme romperia a barreira dos bilhões, seguindo o padrão pré-pandemia e pré-fadiga, não se concretizou. O público compareceu, mas com uma entusiasmo contido, refletindo a cautela de quem já se decepcionou com narrativas semelhantes.

A crise criativa e a necessidade de inovação

A falta de super-heróis no Top 5 não é meramente uma estatística; é um sintoma de uma crise criativa. Por anos, os estúdios se apoiaram em fórmulas narrativas seguras, efeitos visuais grandiosos e a força da nostalgia. O ano de 2025 sugere que esse modelo se esgotou.

O público não está rejeitando a ideia de heróis, mas sim a uniformidade e a previsibilidade das produções. É imperativo que os estúdios vejam essa ausência como um alarme, uma chamada para a reinvenção radical. Não basta apenas trocar o vilão ou o ator; é preciso ousar no formato, na profundidade temática e na linguagem cinematográfica. Se a figura do herói de capa quer voltar a ocupar o topo, ela terá que tirar o foco da construção interminável de universo e colocá-lo, novamente, na produção de filmes verdadeiramente excepcionais. Caso contrário, 2025 será apenas o prenúncio de uma longa era de ostracismo para o gênero que, por um tempo, parecia invencível.

Eduarda Moutinho
Eduarda Moutinho
Apaixonada pela cultura pop, começou a trabalhar com jornalismo em 2022, na cobertura da tão querida BGS. Trabalhou na redação de um dos maiores portais de entretenimento do Brasil e, agora, se juntou à equipe do Papo Geek!

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